Você já ouviu falar em
pernas inquietas?
É isso mesmo, é um transtorno do movimento relacionado ao
sono. É caracterizado por uma urgência em mover os membros geralmente
acompanhada de sensação desagradável nos membros, as pernas são mais comumente
afetadas, que inicia ou piora durante períodos de repouso ou inatividade, como
se deitar ou ficar sentado, é parcialmente ou totalmente aliviado pelo
movimento, como andar, massagear as pernas ou alongamento, e por fim ocorre
exclusivamente ou predominantemente ao entardecer ou a noite. Os sintomas
trazem desconforto e principalmente transtornos do sono.
A prevalência na população geral é de 2,5% a 15% e aumenta com
a idade. É mais comum em mulheres e pode ter padrão familiar. A SPI (síndrome
das pernas inquietas) não é explicada por outras doenças médicas e estudos
mostram que existe uma desregulação do sistema dopaminérgico. É por isso que no
tratamento da SPI podem ser utilizados os chamados agentes agonistas
dopaminérgicos, que são medicações utilizadas para tratar Doença de Parkinson.
A SPI pode estar associada a outras condições médicas como:
neuropatias periféricas, diabetes, anemia, Doença de Parkinson, Transtorno do
déficit de atenção e hiperatividade, hipotireoidismo, insuficiência renal (principalmente em pessoas fazendo diálise), insuficiência cardíaca, obesidade e
artrite reumatoide. Também pode ser desencadeada pelo uso de álcool e cafeína.
O uso de alguns medicamentos podem desencadear a SPI como antidepressivos, lítio e outros medicamentos.
A SPI é muito comum na gravidez, em até 25% das gestantes, é
mais comum na 2ª metade da gestação, e
os sintomas desaparecem após o parto. A SPI também é diagnosticada em crianças que
pode acarretar em uma demora para adormecer (o que é conhecido como aumento da
latência do sono), dificuldade em manter o sono e aumento da frequência das
chamadas dores do crescimento.
Nos adultos a principal queixa é a insônia, despertares
durante a noite, cansaço, irritabilidade
e a sonolência excessiva noturna.
Deve-se sempre avaliar outras doenças que podem ter quadro
clínico semelhante, principalmente as caimbras.
O diagnóstico é feito através da história clínica realizada
pelo médico do sono ou outra especialidade, solicitação de exames
laboratoriais, nesse caso damos ênfase a um exame em especial que é a dosagem
de ferro e seus componentes, porque a anemia pode causar SPI. Além desses, o
exame mais utilizado em Medicina do Sono é a polissonografia.
Na polissonografia procuramos os movimentos periódicos de
membros que são movimentos musculares repetitivos e estereotipados durante o
sono. Na SPI 80% dos casos apresentam movimentos periódicos das pernas.
Para um correto tratamento da SPI, deve-se praticar atividade
física, fazer uma boa higiene do sono, observar uso de medicações que possam
induzir a SPI, utilizar suplementação de ferro, se for indicado, e usar as
medicações específicas, que devem ser prescritas pelo especialista em sono ou
outro especialista experiente.
O diagnóstico e o tratamento adequado melhoram a SPI,
acarretando uma melhora na qualidade de sono que vai ter um impacto positivo na
qualidade de vida.